domingo, 13 de setembro de 2009

passado e futuro

Aquele dia, quente como não me lembro de outro, em que tomamos banho de mangueira - todos juntos- pouca roupa e nenhuma malícia, só a sensação do verão vindo e das aulas acabando.

Só posso de alguma forma ter pressentido o que viria, comparando com o que vivía naquele momento, para ter sentido o prazer que sentí!

De alguma forma alguma coisa em mim pressentiu a enorme mudança, a era que morria aos poucos e derrepente - a barriga de fora e o short da miney tinham sua festa de despedida.

De alguma forma eu sabia o que me esperava, inevitavelmente: a roupa que pressuporia escolha de moralidade e personalidade; a roupa que cobriria o meu corpo dos prazeres do vento com objetivo de me separar das outras crianças que não a usam, ou que a usam de maneira suja e desproporcional (“filhinha quando tiver frio usa casaquinho se não parece menina de rua”).

Hoje tive um delírio, de reviver esse dia. Sinto que o lugar desse dia não é no passado mas num futuro distante, que enxergo claro e embaçado, como essa memória.

Pois sei que quando a temperatura aumentar, a roupa (pelo menos no Brasil!) vai ser finalmente vista em sua mais gritante característica: a inutilidade. Então ouviremos os homens rirem do tempo em que usavam pedaços de pano em volta do pescoço em nome de status. Rirão lembrando como associávamos panos a papéis e papéis a valor humano.

2 comentários:

  1. menina esperta! sensível na escrita e inteligente por enxergar a própria sensibilidade e criar um blog! ADOREI O TEXTO!!!! BEIJO. vou colocar seu link no meu blog.

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  2. nossa amiga, to orgulhosa! belo texto, belas palavras, belo, belo!
    um beijão da Luna

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